segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Educação ambiental.


      
 Até final da década de 60 era muito difícil um jovem do interior do Nordeste fazer um curso superior. As faculdades, pouquíssimas, estavam nas Capitais. Mesmo que a família do jovem fosse rica, tudo era investido na compra de terra e gado, para que a herança fosse grande e todos os descendentes da família permanecessem ricos até o final dos tempos. Com relação às meninas, nada de estudo – bastava ser parideira para ter muitos filhos; mas na minha terra havia um doutor; tempos depois eu soube que ele era formado em agronomia, contrariando a vontade da família que o queria advogado e político. A família do Dr. Zezinho era a mais abastada da região; seu pai tinha sido

 


Informativo O Veredicto, Ano 01, número 04, RNNEBR, 30/06/2.005.
 


prefeito desse município e um tio seu era deputado estadual, ambos portadores do diploma do ginásio, expedido na própria cidade da qual eram os donos, mas o Dr. Zezinho os considerava analfabetos e dizia ser o único doutor da família. A única ocupação do doutor Zezinho era beber o dia todo, todos os dias; bebia conhaque e Whisky, sempre acompanhado de 3 amigos que bebiam somente cachaça; o doutor Zezinho pagava tudo. De tanto tomar aguardente um dos seus amigos faleceu; o enterro seria no dia seguinte ás 10 horas da manhã. Dr. Zezinho prometeu a todos que estavam no bar, que no dia seguinte estaria sóbrio para acompanhar o enterro do amigo; dia seguinte, logo que o bar abriu as portas o  Dr. Zezinho e seus dois amigos de copo encheram a cara até a hora do enterro.O caixão era conduzido por 4 homens que se revezavam durante o trajeto até o cemitério; o Dr. Zezinho e seus dois amigos ficariam para o último trecho do percurso – queriam entrar no cemitério levando o amigo.


O Doutor Zezinho pegou na “asa do caixão”, sentiu que o peso era maior do que imaginara, mas permaneceu firme até á capela, dentro do cemitério; na hora que o caixão ia descer á cova pediram ao Dr. Zezinho que dissesse algumas palavras em homenagem ao amigo; botou as mãos para trás, andou para um lado, para o outro, em silêncio, e de repente parou, deu uma olhada em todos que estavam ali e disse, apontando para o caixão: se até aqui nós o trouxemos, daqui para frente o diabo que o carregue. As pessoas saíram em disparada pela porta do cemitério, só ficando ele, os amigos e o coveiro.
Educação ambiental é literatura, é ciência social.

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